Registrar seus conhecimentos prévios sobre o que é História e qual a importância da disciplina de História em nossos tempos.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Muitas pessoas fazem essa pergunta na tentativa de dar resposta à outra: “Para que serve a História?”. Bom, poderíamos dizer, inicialmente, que a palavra “história”, para os antigos gregos (que a criaram), significava “pesquisa”, “investigação”, isto é, implicava a busca pelos vestígios dos fatos passados, das glórias e das tragédias vividas pelos homens e mulheres que nos antecederam. Essa busca pela reconstrução desses fatos tinha o objetivo de não deixar morrer a memória de um povo, de uma nação, de uma civilização ou da humanidade como um todo.
Quando nos vem à mente alguma curiosidade sobre a História, sempre estamos querendo reavivar essa memória e nunca deixá-la perecer. É por isso que a História sempre esteve presente em todas as civilizações. Quando perguntamos “o que é a civilização grega?” ou “o que é a Revolução Francesa?” ou, ainda, “o que é a Marcha Para o Oeste dos Estados Unidos?”, estamos a perguntar sobre coisas que, quando elucidadas, ajudam-nos a entender melhor o sentido da presença humana na Terra, ainda que não digam respeito à nossa vida diretamente. Veja um exemplo: Um jovem de 15 anos que mora no Brasil vê no noticiário uma reportagem sobre a Guerra Civil na Síria. Ao longo da reportagem, há referências a “grupos rebeldes sunitas”. A pergunta que vem imediatamente à mente desse rapaz é: “O que é sunita”? Por não estar diretamente ligado à população da Síria, o interesse desse jovem por um acontecimento atual leva-o a fazer uma pergunta que necessita de explicações históricas. Daí que, para entender a referida guerra, ele terá que saber não apenas o que é sunita, mas também o que é xiita, o que é islamismo, o que é radicalismo islâmico etc. Uma pergunta referente a uma curiosidade que envolva História sempre gera mais uma pergunta, e uma mais, e assim sucessivamente.Durante o período escolar questionamos, geralmente, a utilidade das disciplinas estudadas. “Matemática, apesar de chata, é útil, pois nos ensina cálculos que são imprescindíveis para a vida cotidiana. Ajuda-nos a fazer compras, por exemplo”, argumentos como esses sempre aparecem entre estudantes adolescentes, vez ou outra; e sobre todas as disciplinas, incluindo a história. Entretanto, questionar a utilidade ou a importância da história para a vida cotidiana quase sempre resulta em respostas insatisfatórias.
Para tentar resolver, em parte, esse impasse, vamos pensar um pouco a partir da visão que um dos antigos pensadores romanos tinha da história. Para o orador romano Cícero, a história era a “mestra da vida” (em latim: historia magistra vitae). Com esta expressão, Cícero queria dizer que por meio dos exemplos do passado, dos sofrimentos e sucessos, das tragédias e dos grandes feitos das gerações anteriores, podemos extrair lições para nos orientarmos no presente, diante dos problemas que se apresentam.
Pois bem, mas Cícero vivia numa época em que as pessoas não tinham uma vida tão afetada por artefatos tecnológicos, automóveis, poluição visual e sonora, problemas psicológicos diversos e tantos outros aspectos da era contemporânea. E, além disso, na Roma Antiga, a história não era uma disciplina com estrutura científica, com metodologia precisa ou enquadramentos teóricos. Nossa época, ao contrário, não valoriza tanto os exemplos do passado como os antigos o faziam e, desse modo, a utilidade da história é sempre vista em outros termos. Quando se indaga hoje sobre que utilidade tem a história para a vida, pensa-se “utilidade” em termos de soluções imediatas ou “utilitárias”. Se a história é útil para vida, não o é de forma utilitária, mas de forma “pragmática”, isto é: pode fornecer elementos para ação na vida prática. Elementos como: compreensão alargada da sociedade e da cultura, perspectiva crítica sobre fenômenos políticos, entendimento das diferenças entre as pessoas, os países e as civilizações e uma série de outras contribuições. Muitas formas de comportamento que observamos atualmente, como a violência motivada por xenofobia ou por racismo, a estranheza por certos hábitos alimentares e por certas tradições que cultivam práticas culturais muito diferentes, geralmente existem por falta de conhecimento histórico ou por um mal conhecimento da história. O estudo da história, portanto, tem a importância de dar, sobretudo, suporte compreensivo às pessoas, para que ajam com maior prudência, civilidade e tolerância, em seu meio e em situações estranhas à sua cultura.
Podemos dizer que, em grande parte, a história continua sendo a “mestra da vida”, como entendia Cícero. Mas devemos reeducar nossa percepção sobre essa disciplina para poder compreender sua importância para a vida.