História, perguntado por DudaMeira2007, 9 meses atrás

qual o modo de se vestir do sul da África e da região central e a do Norte da África

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Respondido por Gabriela27Ribeiro
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Resposta:  

Os tecidos sempre tiveram um grande valor na cultura africana, sendo muitas vezes utilizados como moeda corrente até para pagamentos de multas, como em Serra Leoa.

Armazenar grandes quantidades de tecidos foi, por muito tempo, indicação de elevado status e poder. Em ocasiões especiais como o nascimento ou o casamento, costuma-se presentear com tecidos, que também são o melhor presente em situações mais tensas, para amenizar as rivalidades.

Na Costa do Marfim ainda existe o hábito, principalmente entre os mais idosos, de preparar o próprio funeral. Além de providenciar antecipadamente a urna funerária, armazenam-se tecidos de boa qualidade que serão utilizados no dia do sepultamento. Um missionário católico na África relata que “antes do momento do enterro, muitas pessoas trazem uma peça de pano, às vezes de qualidade, para oferecer ao defunto, que será embrulhado nele. Serão estes panos, conforme a crença, que ele apresentará aos seus antepassados que estão em outra vida, dizendo-lhes: ‘Veja o que meus parentes e amigos me ofereceram; eles foram generosos comigo’. Desta forma, os antepassados continuarão a abençoar e proteger aquela aldeia e todos os seus habitantes”.

O contato com tribos nômades árabes propiciou a incrementação da técnica da tecelagem. Os árabes iniciaram sua dominação na África do Norte, no ano de 640, a partir do Egito. Na África Oriental, estabeleceram pequenos postos de comércio e troca de mercadorias entre o século 7 e o século 11. Esse intercâmbio não só favoreceu o comércio de marfim, ouro e metais, mas também o de tecidos e, sobretudo, o tráfico de escravos para a China, Índia e a difusão da fé mulçumana entre os habitantes da corte.

A partir do século 15 iniciou-se a penetração européia na África, primeiramente com a conquista dos portugueses, que estabeleceram o monopólio do tráfico de escravos, até a chegada dos espanhóis em 1580. Em seguida vieram os franceses, os holandeses e os ingleses.

Os tecidos africanos, que são geralmente confeccionados com lã de carneiro, pêlo da cabra, o pêlo de camelo, algodão, ráfia e seda, estão intimamente associados à cultura africana e são tão diversificados quanto os grupos étnicos existentes no continente. Ao contrário do que acontece em outras culturas, os homens que tecem têm grande prestígio.

Tanto para vestir como para decorar a casa, ou mesmo para enterrar seus mortos, existe uma ritualidade e um significado inerente aos têxteis confeccionados para cada ocasião. Nas vestimentas, os padrões, as cores e os ornamentos estão imediatamente associados às posses, riquezas e status de quem os usa, e os que não possuem riquezas guardam suas melhores vestes para ocasiões especiais. “Cores particulares, tipos de decoração ou padrões de vestimenta podem ter significados políticos e rituais”, afirma o professor John Picton em seu livro African Textiles (Tecidos africanos), de 1989.

Para algumas tribos, por exemplo, o vermelho usado em algumas cerimônias pode estar relacionado ao perigo e às guerras, enquanto em outras pode estar associado ao sucesso e às grandes realizações. Segundo o africanólogo Alberto da Costa e Silva, em entrevista à TV Cultura na inauguração da mostra Arte da África, no Rio de Janeiro, essas diferenças contribuem para concluirmos que existem “várias Áfricas”. Em alguns casos, a distância entre os diversos grupos étnicos é pequena, mas o significado dado a certos objetos ou mesmo a relação deles com a cor utilizada, como no exemplo mencionado, é bastante diversificada.

Na questão da classificação dos teares usados na África, por exemplo, nos quais se fabrica uma enorme variedade de tecidos com diferentes tamanhos e padrões, alguns autores chegaram à divisão consensual em dois grupos: o tear com liço único (single-heddle loom) e o tear com duplo liço (double-heddle loom).

O liço é um conjunto de cordas ou fios verticais por onde passam os fios do urdume, de modo a que estes sejam separados em fios pares e ímpares, facilitando o trabalho na hora da passagem da trama. A separação dos fios do urdume se chama cala.

 No tear com liço único, o urdume é preso em duas barras paralelas e os liços são movimentados manualmente. Após a passagem da trama, os fios são batidos com o auxílio de um pente. Esse tear, o mais difundido na África, pode ser montado verticalmente, horizontalmente ou formando um ângulo oblíquo com a parede, e é fixado ao solo, com o que se obtém a tensão do urdume necessária para a passagem da trama. Tanto os homens quanto as mulheres se utilizam do tear com liço único para confeccionar tecidos para as tendas, roupas e esteiras, empregando lã de cabra, algodão, ráfia e couro.

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