Qual a condição mais adequada para que se possa estabelecer um controle efetivo sobre o fenômeno da obesidade?
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Resposta:
OBESIDADE: PODEMOS MELHORAR?
Obesidade é termo médico e também social. Classificar um indivíduo como obeso pode ser difícil, mas é certo que pode ocasionar agravos à saúde.
Esta doença vem merecendo atenção crescente como problema de saúde pública, em função do rápido aumento do número de pessoas obesas no mundo - segundo a Organização Mundial da Saúde, passou de 200 para 300 milhões de adultos entre 1995 e 2000 - e de suas conseqüências para os serviços de saúde. A OMS considerou recentemente a obesidade como uma epidemia global, afetando não só os países industrializados como também, e de forma crescente, aqueles em desenvolvimento sobrepondo-se ao problema da fome e da desnutrição.
Por que o mundo engorda? Serão os baixos gastos calóricos do nosso dia-a-dia ou será o consumo de alimentos de alto valor energético? São ambos! Do controle remoto ao telefone celular, passando pelo "home banking", pizzas "delivery", etc... gastam-se pouquíssimas calorias. Do "fast food" à "banana split", passando pelos "snack" e "drinks", consomem-se muitíssimas calorias. A conseqüência é a obesidade desenfreada, sem controle, epidêmica e de futuro pouco promissor. Ao querer esbanjar prosperidade, crescimento econômico e obesidade, paga-se um preço que também é pesado. De fato, a obesidade é uma condição de origem multifatorial, incluindo-se entre eles genéticos e ambientais; sócio-culturais; endócrinos e neurológicos; emocionais e psicológicos.
Curiosamente, em nosso país, o desenvolvimento socioeconômico parece contribuir para o controle da obesidade em contraste com o observado em outros países. De fato, a prevalência da obesidade em adultos só não está aumentando nas mulheres da região sudeste, pertencentes aos extrato de maior renda. Essa faixa de população dispõe de recursos culturais e econômicos que possibilitam a adoção de hábitos adequados, dietéticos e de atividade física.
O custo relacionado à obesidade pode ser estimado do ponto de vista econômico. O custo direto corresponde ao tratamento e de suas conseqüências incluindo consultas médicas, consumo de medicamentos, exames diagnósticos e internações hospitalares, assim como das doenças associadas, tais como hipertensão arterial, diabetes e arteriosclerose. Estima-se que este custo corresponda nos países industrializados de 2 a 8% do gasto total com saúde. O custo indireto está relacionado ao impacto sobre a qualidade de vida e a produtividade. A qualidade de vida é afetada em função do preconceito existente em relação aos obesos e também em função da dificuldade em desempenhar determinadas atividades e de encontrar emprego, entre outros. Embora seja difícil estimar com precisão o custo indireto, para a maioria das doenças em que foi estimado, foi muito superior ao custo direto.
A obesidade na infância é importante porque é uma possível preditora de sua ocorrência em idade adulta. Além disso, seus efeitos negativos persistem nas faixas etárias maiores. No município de São Paulo a freqüência de obesidade é relativamente baixa em crianças com variação discreta e não consistente entre os inquéritos realizados. Porém, em países desenvolvidos, a prevalência da obesidade infantil é alta e vem aumentando progressivamente. Os avanços tecnológicos que, de um lado contribuem para facilitar a vida, por outro têm propiciado mudanças comportamentais e inovações constantes dentro do ambiente familiar. Assim, o uso crescente de alimentos industrializados com alto teor calórico, as propagandas de alimentos dos mais variados tipos em programas de televisão, principalmente infantis, são cada vez mais freqüentes e variados sendo, em geral, caracterizados por alimentos de baixa qualidade nutricional e de valor calórico elevado, proporcionando conflitos entre pais e filhos, visto que estes não sabem separar o que é mais conveniente para sua alimentação.
Entre as mulheres adultas, de 30% a 40% são obesas, com índice de massa corpórea maior ou igual a 26 ou 27 Kg/m2. A obesidade associa-se freqüentemente a concentrações elevadas de estrogênio e testosterona, e as mulheres portadoras de síndrome dos ovários policísticos são um exemplo clássico dessa associação. O estado "hiperestrogênico" das obesas pode retardar a menopausa e aumenta o risco para doenças proliferativas como câncer de endométrio e de mama devido à exposição crônica ao esteróide endógeno. Desse modo, estas pacientes devem ser submetidas a avaliações mais freqüentes, e merecem cuidados no uso de medicações com ações símiles aos estrogênios como digitálicos, fenotiazínicos e ginseng.