Pichação, como o grafite, busca status de arte urbana
Grupos têm origens similares, mas entram em confronto em busca de espaço, visibilidade e respeito
06 de novembro de 2009 | 0h 00
Fernanda Aranda - O Estado de S.Paulo
1 O mesmo muro ocupado por grafite e por pichação, no mundo da arte de rua, é sinal de guerra. Expressa rivalidade entre duas manifestações urbanas que, há tempos, se estranham. Mas, ainda que a disputa pelo espaço tenha ficado mais acirrada no último ano — com invasões recíprocas de um estilo por cima do outro —, a trajetória dos dois movimentos segue semelhante. Primeiro, os grafiteiros saíram da marginalidade e conseguiram entrar para o rol de artistas. Agora, as letras pontudas dos pichadores caminham para esse status.
2 São três os fatores que indicam o novo olhar sobre os rabiscos que, vale ressaltar, pela legislação são enquadrados como crime — todos já vivenciados pelos grafiteiros. O primeiro é o interesse de outros países pela pichação. A Fundação Cartier, de Paris, e o próprio governo francês já convidaram pichadores paulistanos para expor seu trabalho no circuito internacional. "Um outro termômetro", avalia Rui Amaral, artista plástico, um dos pioneiros nas técnicas do grafite e especialista em arte de rua, "é que hoje pensar em grandes exposições de arte urbana não descarta a pichação". E uma terceira novidade está na boca de quem picha. "Desde 1985, quando comecei a pichar, nunca tinha recebido elogio. Agora, já começo a ouvir", diz Zé Lixomania, que morou na Europa e tem a fama de ter conseguido espalhar sua marca por todas as regiões de São Paulo.
3 A voz dos pichadores ecoa com mais força desde o final de outubro, quando o documentário Pixo, produzido por João Wainer e Roberto Oliveira, chegou ao público e retratou o cotidiano da pichação. "Pichar é crime, isso é certo mesmo com o debate se é arte ou não", afirmou Oliveira. "Mas, sem dúvida, é movimento cultural. Nem entre os pichadores é hegemonia de que é arte. Entre os mais novos, por exemplo, é mais instintivo do que consciente."
[...]
4 O cineasta Lucas Fretin, que em 2002 levantou a bola para o assunto com o documentário A Letra e o Muro, diz que o fato de ser vandalismo não anula a pichação como arte. "Não se pode confundir arte com beleza. Escolher a pichação como arte ou não "é completamente arbitrário". José Guilherme Magnani, do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, lembra que muitas manifestações que posteriormente ganharam status de arte começaram de forma marginal, quebrando tabus; basta lembrar os vanguardismos do começo do século 20. "Não será diferente com a pichação", analisa. "Penso, contudo, que, no momento em que se tornar "acadêmica", certamente perderá o caráter de experimentalismo, anonimato, ruptura." Isso, os pichadores dizem não querer.
Disponível em Acesso em mar/18
O substantivo polêmica vem do grego polemiké, que significa “[arte] da guerra”, “[ciência] do combate”.
Lendo o primeiro parágrafo do texto, a disputa entre grafiteiros e pichadores parece resgatar o significado original da palavra polêmica.
a) Explique esta afirmação.
b) Faça uma lista de palavras e expressões do primeiro parágrafo que comprovem sua resposta ao item a.
Soluções para a tarefa
Respondido por
32
Resposta:a) O primeiro parágrafo não relata uma polêmica, no sentido de simples confronto de opiniões. Grafiteiros e pichadores enfrentam-se não com palavras, mas uns atacando fisicamente as obras dos outros.
b) “sinal de guerra”, “rivalidade”, “se estranham”, “disputa pelo espaço”, “acirrada”, “com invasões recíprocas”, “um estilo por cima do outro” (plurall).
Respondido por
2
Resposta:
a) O primeiro parágrafo não relata uma polêmica, no sentido de simples confronto de opiniões. Grafiteiros e pichadores enfrentam-se não com palavras, mas uns atacando fisicamente as obras dos outros.
b) “sinal de guerra”, “rivalidade”, “se estranham”, “disputa pelo espaço”, “acirrada”, “com invasões recíprocas”, “um estilo por cima do outro”
Explicação:
Perguntas interessantes