Olhem esses sonetos feitos por Vinícius de Moraes:
Soneto da separação Texto I
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Soneto da fidelidade: Texto II
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Agora me ajudem a responder essas questões:
1- Observe a construção dos textos, o tipo de composição, a métrica dos versos, o vocabulário e a sintaxe. Identifique a que representantes da tradição literária - clássicos, românticos, realistas, simbolistas - os poemas estão ligados, justificando com elementos dos textos.
2º O texto I reitera a oposição entre como era no passado e como é no presente.
a) Caracterize cada um desses momentos.
b) Além da oposição entre passado e presente, por várias vezes é repetida a expressão "de repente". Com que finalidade essa expressão foi empregada repetidamente?
3) No texto II, o eu lírico jura fidelidade à pessoa amada, seja no momento de dor, seja nos momentos de alegria. A respeito dos tercetos do poema:
a) Explique o que significam, para o eu lírico, a morte e a solidão.
b) Interprete a metáfora presente no verso:” Que não seja imortal, posto que é chama”.
c) Dê uma interpretação coerente ao paradoxo:” Que seja infinito enquanto dure”, emprego pelo eu lírico para expressar seu conceito de fidelidade.
Soluções para a tarefa
São organizados em 2 quartetos e 2 tercetos forma clássica dos sonetos .
Possuem rimas cruzadas , nos quartetos e nos tercetos misturadas .
A METRICA dos dois é de versos decassilabos
Soneto da separação
De/re/pen/te/do /ri /so/fez/-se o/pran/to (10)
Soneto da felicidade
De /tu /do ao /meu /a /mor /se /rei /a/ ten /to (10)
-Vinicius usa " figuras de estilo "muito usadas no barroco ,com antítese aliterações e assonancias para transmitir musicalidade .
-Expressa a realidadede modo vago e impressivo como no simbolismo
-Tem sentimentos exacerbados e idealizados como os "românticos ".( na dor e na separação )
- usa a perfeição formal de METRICA e rima do PARNASIANISMO .
2-)SONETO DA SEPARAÇÃO
A) passado--> o eu lirico tem :alegria , riso, beijos , está contente , paixão
Presente lamento , tristeza , incerteza ,solidão ,pressentimento.
B-) DE REPENTE --> é uma " anáfora ", figura de estilo é usada para mostrar a forma imprevista que a separação acontece .
Ela foi usada repetidamente para enfatizar o modo que aconteceu a separação
3- )A) a morte -->findo amor ---viver sem o amado
a solidão ---> refúgio de quem não tem amor .---angústia de quem vive
B-)METAFORA --" Que não seja imortal , posto que é chama "
Vinicius queria dizer que o amor é:
O AMOR NÃO É IMORTAL POR QUE É CHAMA( FOGO ) PORTANTO SE ELE É "CHAMA " MORRE
Por isso ele usa a LOCUÇÃO. " POSTO QUE " que é uma conjunção concessiva que apesar de exprimir uma oposição ,não pode anular o fato.
C-) QUE SEJA INFINITO ENQUANTO DURE
ELe usa de um PARADOXO ao usar a palavra INFINITO descrevendo um sentimento que não dura para sempre , querendo dizer que :
Devemos entregar ao AMOR enquanto ele dure, enquanto a chama está acesa pois assim ele será intenso ,perfeito , maravilhoso.
1. Nos sonetos escritos por Vinícius de Moraes podemos notar uma relação com a tradição clássica devido ao uso de versos decassílabos e uma linguagem mais prolixa.
2. a) No Soneto da Separação, o eu lírico fala que no passado as coisas eram boas porque tinha riso, beijo e paixão. Entretanto, o tempo atual de quem escreve é ruim porque é permeado de choro, espanto e drama.
b) A expressão pode usada repetidamente para enfatizar a ideia do espanto que eu lírico sente por causa de uma separação brusca.
3. a) De acordo com o eu lírico, a morte e a solidão são idênticas porque, para ele, a solidão é causada pela separação da amada, que acaba causando grande frustração e uma espécie de morte interior.
b) O amor é como a chama porque aquece e ilumina a vida das pessoas da mesma forma que a chama do fogo
c) É interessante notar que o termo "infinito" neste contexto não se refere ao tempo, mas à qualidade do amor. Isto é, remete a uma entrega à pessoa amada e não apenas à duração do relacionamento.
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