O texto a seguir é um relato anônimo de 1748, escrito a partir da passagem de um navio francês pelo Riode Janeiro. Leia-o e responda às questões propostas.Quase todo o comércio feito no Brasil depende dos produtos vindos da Europa. Em matéria de gê-neros alimentícios, o país recebe de Portugal medíocres quantidades de farinha, de vinho do Portoe de especiarias, o suficiente para satisfazer a frugalidade portuguesa. O comércio de produtos deluxo é infinitamente mais significativo. Importa-se de tudo: peças de ouro e prata, galões, tecidosfinos diversos, toalhas e uma série de outras mercadorias da moda, produzidas, na sua maioria,pelas manufaturas francesas. Uma vez por ano, entre os meses de setembro e outubro, Lisboa enviapara a sua colônia, sob escolta de três ou quatro navios de guerra, uma frota carregada com essesprodutos. Esta frota, após distribuir a sua carga pela Bahia de Todos os Santos, Pernambuco e Riode Janeiro, é carregada com ouro e alguns diamantes – provenientes dos Direitos do Rei ou perten-centes a alguns particulares interessados em remeter suas riquezas para Portugal – e volta a sereunir na Bahia em dezembro ou janeiro, retornando daí para Lisboa. Do país, os navios mercantesportugueses levam, além do ouro e da pedraria, somente tabaco, açúcar e algodão – este último, ao que parece, produzido contra a vontade da metrópole. [...]O gado grosso é bastante comum no Rio de Janeiro, pois os padres jesuítas se encarregam de cuidarda sua conservação e reprodução. Para formar os seus rebanhos, esses religiosos fazem capturar nosbosques os vitelos e as novilhas selvagens, depois mandam abater uma parcela dos primeiros e confi-nam o restante, juntamente com as novilhas, nos muitos currais que têm, espalhados ao longo da costado Brasil. Este processo lhes permite fornecer carne para todo o país. [...]Os porcos abundam no país e são vendidos a um preço igual ou inferior aos praticados na Bretanha. Acarne destes animais, contudo, tem um inconveniente: como os habitantes têm o hábito de alimentar osseus porcos com peixe, ela apresenta um gosto demasiado forte de pescado.As galinhas são grandes, bonitas e de qualidade; seu preço, contudo, é bastante elevado. Em geral, sãovendidas a três libras francesas. [...]O país produz uma grande quantidade de frutas: laranjas, limões de diferentes espécies, figos, bananas,abacaxis, batatas-doces, melões d’água, pistaches, etc. Há também muitas hortaliças e legumes varia-dos (couves, jerimuns, ervilhas, abóboras, etc).O peixe é tão abundante que todo mundo tem por hábito secá-lo e estocá-lo, seja para consumo dos fami-liares, seja para a alimentação dos escravos. Apesar dessa prática, sobra ainda uma grande quantidadede pescado para ser usada como alimento para os porcos.(FRANCA, Jean M. Carvalho. Um visitante do Rio de Janeiro colonial.Revista Brasileira de História [on-line].1997, v. 17, n. 34. p. 149-161.)a) De acordo com o relato anônimo, quais produtos eram importados da Europa?b) O que a utilização de produtos europeus permite revelar sobre o cotidiano e os hábitos coloniais?c) Descreva os produtos locais destinados ao consumo e os produtos destinados à exportação, conforme o relato do viajante francês.
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a) Eram importados da Europa artigos de luxo e produtos manufaturados, além de produtos vindo da Ásia: farinha, vinho, especiarias, peças de metais preciosos e tecidos.
b) Pode-se perceber que os moradores da colônia tinham forte vínculo com a metrópole e ambicionavam seguir seus costumes. Também é possível perceber que os produtos manufaturados vinham de fora, portanto, a indústria no Brasil era pouco ou nada desenvolvida.
c) Insumos alimentícios, com excessão do açúcar, produzidos em menos escala, eram voltados para o consumo interno. Para exportação: açúcar, metais preciosos, fumo e algodão, matéria prima para a manufatura de tecidos e roupas.
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