Matemática, perguntado por rebecaestivaletesanc, 7 meses atrás

Determine todos os valores reais de a para os quais a equação (x-1)² = |x-a| admita exatamente três soluções distintas.

Soluções para a tarefa

Respondido por Usuário anônimo
4

Resposta: a equação (x – 1)² = |x – a| admitirá exatamente três soluções distintas ∀a ∈ {3/4 , 1 , 5/4}

Em primeiro lugar, lembre-se que, para a ∈ ℝ e x ∈ ℝ :

\tt |x-a|=\begin{cases}\tt x-a\ \ ,\ \ se\ \ \ x-a\geqslant0\ \ \rightarrow\ \ x\geqslant a\\ \tt a-x\ \ ,\ \ se\ \ \ x-a<0\ \ \rightarrow\ \ x<a\end{cases}

  • Para x ≥ a, a equação (x – 1)² = |x – a| fica:

\tt (x-1)^2=x-a\\\\ \tt x^2-2x+1=x-a\\\\ \tt x^2-2x-x+1+a=0\\\\ \tt x^2-3x+(1+a)=0\qquad (\:1\:)

  • Para x < a, a equação (x – 1)² = |x – a| torna-se:

\tt (x-1)^2=a-x\\\\ \tt x^2-2x+1=a-x\\\\ \tt x^2-2x+x+1-a=0\\\\ \tt x^2-x+(1-a)=0\qquad (\:2\:)

Como podemos ver logo acima, temos duas equações quadráticas de coeficientes homólogos não proporcionais, então existem, no máximo, quatro soluções distintas para a equação (x – 1)² = |x – a|. Repare ainda que as equações x² – 3x + (1 + a) = 0 e x² – x + (1 – a) = 0 têm no máximo uma raiz comum, isso porque elas jamais terão as mesmas raízes, uma vez que os seus coeficientes correspondentes não são proporcionais. Para sabermos se existe e, caso exista, qual é a raiz comum e qual valor de a a origina, vamos supor que a tal raiz comum seja k. Substituindo x por k em ( 1 ) e ( 2 ), encontraremos k = 1 e a = 1, ou seja, para a = 1 as equações ( 1 ) e ( 2 ) tornar-se-ão respectivamente iguais a x² – 3x + 2 = (x – 1)(x – 2) = 0 e x² – x = x(x – 1) = 0, resultando num total de três soluções distintas, sendo que a comum é k = 1. Portanto, já temos o primeiro valor de a, que é:

\boxed{\large\begin{array}{l}\tt a=1\end{array}}

Agora, para a ≠ 1, as equações ( 1 ) e ( 2 ) não têm raiz comum, e é este caso que vamos analisar agora.

  • Desenvolvendo ( 1 ), obtemos:

\tt x^2-3x=\!\:\!\:\!-(1+a)\\\\ \tt x^2-2\cdot x\cdot \dfrac{3}{2}+\left(\dfrac{3}{2}\right)^{\!\!2}\!=\left(\dfrac{3}{2}\right)^{\!\!2}\!-(1+a)

\tt \left(x-\dfrac{3}{2}\right)^{\!\!2}=\dfrac{9}{4}-(1+a)

\tt \left(x-\dfrac{3}{2}\right)^{\!\!2}=\dfrac{9}{4}-1-a

\tt \left(x-\dfrac{3}{2}\right)^{\!\!2}=\dfrac{9}{4}-\dfrac{4}{4}-a

\tt \left(x-\dfrac{3}{2}\right)^{\!\!2}=\dfrac{5}{4}-a\qquad(\:3\:)

A equação ( 3 ) terá uma única raiz real (raiz dupla) só se:

\tt \dfrac{5}{4}-a=0\quad \iff \quad a=\dfrac{5}{4}\qquad(\:4\:)

A equação ( 3 ) terá duas raízes reais e distintas apenas quando:

\tt \dfrac{5}{4}-a&gt;0\quad \iff \quad a&lt;\dfrac{5}{4}\qquad(\:5\:)

A equação ( 3 ) terá duas raízes complexas conjugadas somente se:

\tt \dfrac{5}{4}-a&lt;0\quad \iff \quad a&gt;\dfrac{5}{4}\qquad(\:6\:)

  • Desenvolvendo ( 2 ), chegamos a:

\tt x^2-x=a-1\\\\ \tt x^2-2\cdot x\cdot \dfrac{1}{2}+\left(\dfrac{1}{2}\right)^{\!\!2}\!=a-1+\left(\dfrac{1}{2}\right)^{\!\!2}

\tt \left(x-\dfrac{1}{2}\right)^{\!\!2}=a-1+\dfrac{1}{4}

\tt \left(x-\dfrac{1}{2}\right)^{\!\!2}=a-\dfrac{3}{4}\qquad(\:7\:)

A equação ( 7 ) terá uma única raiz real (raiz dupla) só se:

\tt a-\dfrac{3}{4}=0\quad \iff\quad a=\dfrac{3}{4}\qquad(\:8\:)

A equação ( 7 ) terá duas raízes reais e distintas apenas quando:

\tt a-\dfrac{3}{4}&gt;0\quad \iff\quad a&gt;\dfrac{3}{4}\qquad(\:9\:)

A equação ( 7 ) terá duas raízes complexas conjugadas somente se:

\tt a-\dfrac{3}{4}&lt;0\quad \iff\quad a&lt;\dfrac{3}{4}\qquad(\:10\:)

Enfim, para a ≠ 1, a equação (x – 1)² = |x – a| terá exatamente três soluções distintas quando:

\tt \bullet\ Ocorrer\ (\:4\:)\ e\ (\:9\:)\ \implies\ \large\boxed{\begin{array}{l}\tt a=\dfrac{5}{4}\end{array}}\\\\\\\\ \tt \bullet\ Ocorrer\ (\:4\:)\ e\ (\:10\:)\ \implies\ \large\text{$\tt \nexists\, a\in\mathbb{R}$}\\\\\\ \tt \bullet\ Ocorrer\ (\:8\:)\ e\ (\:5\:)\ \implies\ \large\boxed{\begin{array}{l}\tt a=\dfrac{3}{4}\end{array}}\\\\\\ \tt \bullet\ Ocorrer\ (\:8\:)\ e\ (\:6\:)\ \implies\ \large\text{$\tt \nexists\, a\in\mathbb{R}$}

Anexos:

Usuário anônimo: Eu fiz de um jeito diferente mas tmb dava pra ter calculado o delta das equações pra analisar as soluções
rebecaestivaletesanc: Do jeito que vc fez tá bom. Já me ajudou bastante. Obrigada por usar seu tempo me ajudando.
Usuário anônimo: Fui ler a solução novamente e percebi um pequeno errinho no texto. Não se preocupa, é coisa bem pequena msm. Eu apenas substituí o trecho “Como podemos ver logo acima, temos duas equações quadráticas de coeficientes homólogos não proporcionais, então existem, no máximo, quatro soluções reais distintas”
Usuário anônimo: por “Como podemos ver logo acima, temos duas equações quadráticas de coeficientes homólogos não proporcionais, então existem, no máximo, QUATRO SOLUÇÕES DISTINTAS” (considerando as raízes complexas, caso existam)
Usuário anônimo: Vc disse q ia imprimir e ler pra tentar entender. Me diz se entendeu e se achou algum erro
rebecaestivaletesanc: Eu entendi e estou muito satisfeita com o desenvolvimento e a solução. Não encontrei erro e nem nada que violasse alguma lei matemática. Só uma coisinha. Achei essa questão um pouco difícil. Só compreendi seu cálculo porque tenho um pouco de base em função modular e transformação de uma expressão num quadrado perfeito; que foi o que vc fez.
rebecaestivaletesanc: Eu tenho uma questão aqui que estou tentando resolvê-la faz bastante tempo(um ano). É tanto tempo que até desisti dela. Quando vc resolveu algumas questões aqui pra mim, comecei a pensar em vc me ajudando a resolvê-la. Estou tentando encontrá-la num caderno meu que não sei, no momento, onde coloquei. Desculpa escrever isso aqui. A minha consciência parece que está me avisando e deixando sinalizado que já estou abusando de vc. Desculpa alguma coisa, amiga.
Usuário anônimo: Hey, não precisa se desculpar por nada, vc não tá abusando de mim, vc apenas postou algumas questões e eu resolvi :)
Usuário anônimo: Vc tem razão, é uma questão bem difícil
Usuário anônimo: Sobre resolver mais uma, só procura ela e depois posta. Talvez chegue alguém e resolva primeiro, mas eu vou tentar te ajudar sim
Respondido por cassiohvm
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Da pra fazer esse problema geometricamente também. Vou deixar a solução aqui caso alguém se interesse, mas ela exige alguns conhecimentos de geometria de cônicas que não são usualmente abordados nas escolas e é mais complicada que a solução algébrica na minha opnião.

O gráfico de (x-1)² é uma parabola, ou seja, tem um formato aproximado da letra U. Por outro lado, o gráfico de |x-a| tem o formato da letra V. Dai o problema pergunta para quais valores de a a equação tem exatamente 3 soluções. Observamos que ao mudar o valor de a, estamos apenas movendo o gráfico de |x-a| para a direita ou para a esquerda. Queremos saber em quais posições esses dois gráficos se encontram em exatamente 3 pontos. (De uma olhada nas figuras da outra resposta). Assim existem dois casos: ou o vértice do V e da letra U coincidem, ou a letra V tangencia a letra U.

primeiro caso:

o vértice de (x-1)²  é o ponto (1,0)

o vértice de |x-a| é o ponto (a,0)

Logo, devemos ter a = 1  para que os vértices coincidam.

segundo caso: (aqui também da pra fazer usando derivadas)

Observamos que o gráfico de |x-a| forma angulos de 45° com a horizontal. Assim, procuramos pontos da parabola cuja reta tangente também forma ângulos de 45° com a horizontal. Agora vamos usar o seguinte resultado:

Dado um ponto T numa parábola, sabemos que a distancia de T até o foco é igual a distancia de T até a reta diretriz. Além disso, a reta tangente a parabola nesse ponto é bissetriz desses segmentos. (a primeira parte é bem conhecida, mas a segunda nem tanto)

Na figura, F é o foco da parabola, em vermelho temos a  reta diretriz, V é o vertice. O que disse acima quer dizer que os segmentos TF e TG tem mesma medida. E que a reta tangente é bissetriz do angulo FTG. Aplicando isso a situação do seu problema, queremos encontrar a distancia XV (pois X é o ponto onde deve ficar o vertice da função |x-a| para que os gráficos sejam tangentes). Mas como os angulos XTF e XTG medem 45°, segue que  TFPG é um quadrado. E como V é ponto medio de FP, segue que XV é metade da distancia entre o foco e a diretriz (o parametro da parabola). Na parabola y = (x-1)², o parametro mede 1/2. Assim, XV mede 1/4. Logo, para que os gráficos de |x-a| e (x-1)² sejam tangentes, a distancia dos seus vertices deve ser 1/4. Portanto nesse caso temos duas soluções: a = 1 + 1/4 = 5/4 ou a = 1 - 1/4 = 3/4

Obs:

Se quiser (recomendo), pode usar uma mudança de variavel y  = x-1 e b = a - 1 para transformar o problema em determinar todos os valores de b tal que a equação y² = |y-b| possua exatamente 3 soluções. Nesse caso obteremos b = -1/4, 0, 1/4 e refazendo a mudança de variavel temos a solução desejada.

Obs2:

Você pode concluir também que para  a < 3/4 ou a > 5/4 a equação tem exatamente 2 soluções distintas (os gráficos se encontram em 2 pontos). Para 3/4 < a < 1  e 1 < a < 3/4 temos 4 soluções distintas

Resposta: a deve ser 3/4, 1 ou 5/4

Anexos:
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