Derem ideias do que posso desenhar
O mapa nosso de cada dia
Ali, onde o mapa se abre, a viagem começa. A gente desenrola aquele papel enorme sobre a mesa e vai
percorrendo as linhas, admirando as legendas, colorindo a imaginação, como o pássaro quando sobrevoa os
Andes com as asas abertas e o mundo nas penas da mão.
Ali, no mapa, é onde mergulhamos no mar com azuis em degradê e vamos invadindo o oceano imenso. Os
mares, bem menores que os oceanos, as reentrâncias arredondadas dos golfos e baías, os acidentes de percurso.
A história das grandes descobertas passa por aquelas águas cor de anil. Vez ou outra a mesma pergunta nos
incomoda: o que haverá debaixo daquele imenso tapete azulado? E lá vai o submarino imaginario penetrando
nas zonas abissais, descobrindo um universo com outras vidas.
Ali, pelo mapa, a nossa cidade se mostra importante: ela tem um nome e um lugar no mundo. Dentro da cidade
os bairros e as suas ruas, onde quase vemos o ponto exato da casa em que moramos. O nosso endereço está logo
ali, colocado diante da nudez dos olhos, e acabamos pensando como seria difícil as pessoas nos visitarem, não
fosse a existência do mapa. Seria uma tremenda confusão misturar Sul com Norte e andar na contramão dos
pontos cardeais. Sofreríamos provavelmente alguns efeitos colaterais, porque muita gente in acabar se perdendo
e morrendo de raiva.
Ali, quando o mapa é escalado pelo olhar, a gente vai subindo a montanha bem devagar. Em cada curva de nível
paramos para tomar um fôlego e um gole d'água, que ninguém é de ferro. Depois continuamos até o topo, onde
o frio é maior e a pressão diminui, dando aquele ar de leveza e uma tremenda falta de ar. Ai resolvemos descer pela encosta mais ingreme, onde as linhas curvas são bem juntinhas e todo mundo tem que segurar bem as
cordas da imaginação para não cair na realidade. Depois enveredamos pela floresta imensa, com seu verde
negror, seus misttrios e lendas, suas árvores seculares quase sem fim, os índios que ainda restam e os vazios,
onde o fogo da ambição urou o verde do mapa.
Ali, por dentro do mapa, bá imensidão de rios cruzados, muitos crucificados e outros sobrevivendo por um fio.
Alguns deles são tragos tão tênues que, se não olharmos bem para o papel, nada é possível ver. Insistimos em
navegar por entre o sinuoso rabisco feito de azul e vemos outras figuras que surgem no mágico desenho. Só
então percebemos a importância que tem o terreno onde o rio corre é nele que o rio esbarra, faz uma volta ou se
revolta e abre um buraco, vibra em corredeira, em uns momentos se encolhem e noutros se espalham. Desce,
descende do alto de onde nasce lá na nascente e se liga ao outro rio em correria ou então corte para o mar cheio
de alegria, cantando uma serenata na Coz
Ali, na mesa, o mapa pode ser apenas um pedaço de papel, mais nada, e, no entanto, ele significa um grandioso
universo cheio de símbolos e legendas, maravilhosamente mudo enquanto fala para quem o olha. O mapa
representa para nós o tempo inteiro e brinca com o nosso desconhecimento do planeta. O mapa nos tem na mão,
ndo nós a ele, e assim vai escorregando como se fosse areia colorida entre os nossos dedos. O mapa é uma
grande representação, esse é o seu papel, o resto é só impressão.
Anexos:
Soluções para a tarefa
Respondido por
0
Resposta:
Explicação:
nao saber645
Perguntas interessantes
Matemática,
6 meses atrás
Matemática,
6 meses atrás
Geografia,
6 meses atrás
Português,
8 meses atrás
Matemática,
1 ano atrás
Matemática,
1 ano atrás