De acordo com o texto "a doença que aflige os coalas da Austrália - e a polêmica forma
de combatê-la", por que é considerado polêmico combater a clamídia dos coalas com os
antibióticos?
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Resposta:
Coalas estão entre os animais favoritos de qualquer turista que visite a Austrália. Mas muitos visitantes não sabem que dezenas de milhares dos marsupiais comedores de folhas de eucalipto sofrem de uma condição extremamente dolorida e frequentemente letal.
Ela é causada por uma bactéria com uma reputação notória: os coalas australianos estão morrendo de clamídia.
“Acreditamos que pelo menos metade dos coalas do país esteja infectada. E em populações fechadas, esse índice pode subir para 80%”, diz David Wilson, infectologista do Instituto Burnet, em Melbourne.
O tipo de clamídia que ataca os coalas é diferente da que afeta os humanos, apesar de que humanos podem contrair a variação animal através da urina. Nos coalas, os efeitos da clamídia são devastadores e incluem cegueira, infertilidade e uma infecção conhecida como “cauda suja”.
“A ‘cauda suja’ é terrível”, diz Wilson. “O canal urinário fica inflamado e incha. É incrivelmente doloroso. Os coalas ficam com corrimentos e muitos morrem”.
A epidemia claramente não está ajudando os esforços de conservação de uma espécie já ameaçada por conta da perda de habitat. Em apenas 20 anos, populações de coalas no Estado australiano de Queensland caíram 40% e cerca de 33% em New South Wales. Em ambas as regiões, os marsupiais estão incluídos na lista de espécies ameaçadas de extinção desde 2012.
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Não é a primeira vez que os coalas passam por apuros. No início do século 20, a espécie quase desapareceu do mapa por causa da caça predatória – estima-se que 8 milhões de espécimes tenham sido exterminados como parte do comércio de peles.
A clamídia afeta machos, fêmeas e até filhotes, que contraem a doença enquanto vivem nas bolsas das mães.
“A clamídia é uma bactéria bem antiga, que há milhares de anos afeta uma série de espécies”, explica Wilson.
Atualmente, ameaças aos coalas incluem ataques de cachorros, atropelamentos e o desmatamento. Mas cientistas dizem que doenças são a provável principal razão para o declínio populacional. E elas não se resumem à clamídia. Muitos coalas, por exemplo, estão sendo infectados com um vírus semelhante ao HIV.
O vírus pode ser especialmente problemático em pássaros, que podem transmitir doenças para humanos por meio de suas fezes. “Eu não gostaria de respirar perto que qualquer grande praça europeia”, diz Wilson, para quem partículas de fezes de pássaros no ar podem danificar os pulmões humanos.
Não há muito o que se possa fazer pelos coalas. A própria clamídia pode ser tratada com antibióticos, mas estes têm seríssimos efeitos colaterais nos marsupiais.
“Coalas têm a flora intestinal cheia de bactérias essenciais para a digestão das folhas de eucalipto”, diz o zoólogo Peter Timms, da Universidade de Sunshine Coast, também na Austrália. “Se você ministra antibióticos sistematicamente aos animais, essas bactérias morrem”.
Isso sem falar que os remédios não têm muita serventia em estágios avançados da doença. “É preciso detectar a clamídia cedo”, afirma Wilson. “O problema é que, logisticamente, não podemos fazer uma grande captura para trazer os coalas a um hospital”.
Em vez disso, o cientista propõe uma estratégia para lá de controversa. “Minha sugestão é a seguinte: a população está em declínio, mas a única maneira que podemos reverter essa tendência é, paradoxalmente, matar alguns coalas”.
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