Português, perguntado por Jayanesousa1874, 11 meses atrás

Da longa conversa com o ministro, emergiu Ramiro para uma conversa com Vilar. — Meu caro Vilar — disse Ramiro — temos uns assuntos a discutir. Inaugurações. Brilho para a visita presidencial. — Inauguração acho que só temos a do Parque, não? — disse Vilar. — Não. Você andou fazendo umas estradas, por exemplo. Sabe que o ministro é doido por estrada? Bem. Menos que você. Mas adora. E daqui a pouco te conto como ele é fã da Transbrasiliana. De maneira que você tendo uma estradinha... — Terminada só tenho a que vai da Colônia de Ceres a Anápolis, mas está fora da lei. Há um processo contra mim por causa da estrada. Eu devia ter construído antes um chalé suíço e a piscina. [...] —Assim também não pode ser, Vilar! — disse Ramiro. — Você só trabalha contra o Ministério, contra as companhias de gasolina, contra Deus Padre Todo-Poderoso. — Faz-se a coisa de qualquerjeito ou não se faz nada. — Mas sem inaugurações também não se chega a coisa nenhuma. —Basta o governo sustar os processos administrativos—disse Vilar — e podemos inaugurar uma porção de obras. — Sustar processos e pagar contas, quando você sabe que as verbas estouraram — suspirou Ramiro. — O que nos resta mesmo é a geografia. —A geografia como? — disse Vilar. — Bem, em primeiro lugar, temos o Parque Indígena. Vamos chamá-lo Parque Presidente Vargas. — Ih, antes é melhor o senhor falar com o Fontoura. Se a ideia é botar nome de gente no Parque acho que ele só aceitaria o nome de Rondon. CALLADO, Antônio. Quarup. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 191-192. Sobre o fragmento destacado e considerando-se o contexto do romance, é correto o que se afirma nas proposições: (01) A narrativa do fragmento e da obra é estruturada quase sempre em forma de diálogos das personagens, o que possibilita a composição do caráter de cada indivíduo. (02) O elemento indígena quase não fala; ele é falado, o que significa o caminho para o apagamento de sua identidade enquanto ser de cultura. (04) Ramiro, como diretor do serviço de proteção aos índios, confunde os seus interesses pessoais com os coletivos. (08) O discurso literário entrecruza-se, na obra, com os discursos político, religioso e erótico. (16) O desvio do dinheiro público de obras de fachada para construir escola e estrada precárias — contudo necessárias à Colônia — é razão para processos contra Vilar. (32) Vilar, possuidor de um discurso indigenista, enxerga o elemento indígena como um ser superior. (64) A visão que Vilar e Fontoura têm sobre os índios demonstra preocupação com a defesa da identidade do silvícola e com a demarcação de seus territórios.

Soluções para a tarefa

Respondido por thaissacordeiro
2
Olá.


Conforme o enunciado, as assertivas corretas são 01 + 02 + 04 + 08 + 16= 31.



Conseguimos compreender que a assertiva 32 é incorreta, uma vez que Vilar não se preocupa com os indígenas, e muito menos tem um discurso a favor desses povos. O intuito de Vilar é fazer obras de qualquer forma, independentemente de quem seja as terras.



Tanto que o intuito do personagem é mudar o Parque Indígena para Parque Presidente Vargas, e isto nos faz entender a visão do personagem.



Assim como a 32, a assertiva 64 também é incorreta, já que Vilar e Fontoura não se preocupam em defender a identidade do silvícola, mas acima de tudo, conquistar o lucro sobre aquelas terras.



Espero ter ajudado!




Perguntas interessantes