Como o remédio sabe onde está doendo?
Ele não sabe. Analgésicos consumidos por via oral, em forma de gotas ou comprimidos, são absorvidos pelo sistema digestório e lançados na corrente sanguínea. Ou seja: têm acesso ao corpo todo. Vamos seguir o caminho de uma molécula de ácido acetilsalicílico, a aspirina.
Quando as células de uma região qualquer do corpo querem avisar o cérebro de que há algo errado – isto é, gerar a sensação de dor – elas usam moléculas chamadas ciclooxigenases (COX-1 e COX-2) para produzir outras moléculas chamadas prostaglandinas.
Prostaglandinas são capazes de desencadear muitas e muitas reações bioquímicas; dá para passar uma carreira estudando as danadinhas. Para os fins deste Oráculo, basta dizer que elas são uma das principais causadoras da dor. [...]
A aspirina inibe a ciclooxigenase, as prostaglandinas não são produzidas e aí seu cérebro não recebe mais a informação de que algo está doendo. [...]
Esse é só um exemplo, claro. Cada remédio funciona de um jeito, e os farmacêuticos têm um conhecimento muito profundo da bioquímica do corpo humano para saber o que acontece exatamente, em escala microscópica, quando você ingere qualquer um deles. Ao longo da história, foi muito comum que primeiro se descobrisse um princípio ativo e só depois se descobrisse porque ele funciona.
VAIANO, Bruno. Como o remédio sabe onde está doendo? In: Superinteressante. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2020. Fragmento. (P110801I7_SUP)
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