Como era a relação entre o rei e a burguesia, durante a formação dos Estados nacionais modernos
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Costuma entender-se por burguesia uma camada social da Era Moderna, que abrangia tanto banqueiros e ricos comerciantes quanto pequenos comerciantes e jornalistas. Como parte do terceiro estado, a burguesia não tinha acesso o poder político monopolizado pelo clero e pela nobreza. Após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial no século XVIII, contudo, sua influência econômica cresceria enormemente, e atualmente se compreende o termo burguesia como a classe social que detém os meios de produção, sendo portadora do poder político.
A consolidação da burguesia como classe deu-se conjuntamente com a diminuição da influência dos senhores feudais no período final da Idade Média, ainda no século XIV, quando uma epidemia de peste bubônica agravaria a já existente paralisação do mercado agrícola feudal. Antes atuante apenas nas cidades ou burgos – vocábulo latino em sua origem de onde veio seu nome -, a burguesia expandiria sua força econômica ao adquirir as terras que os grandes senhores já não tinham condições de manter. Paulatinamente, então, o eixo financeiro da Europa acabaria se alterando do campo para as cidades, que cresceriam de maneira substancial, juntamente com o comércio feito dentro de suas muralhas. Necessitando do pagamento de mais impostos para expandir a máquina administrativa dos reinos que se centralizavam politicamente, os reis se aliariam com a burguesia ao promover a economia mercantil; bastante importante, neste sentido, seria o incentivo feito à manutenção de rotas comerciais dentro e fora do continente europeu e à exploração colonial, especialmente nos reinos ibéricos.
Apesar de toda a sua contribuição para fortificar os Estados Nacionais, entretanto, a burguesia continuaria subserviente à aristocracia, que fora cooptada e subjugada pelos monarcas. Apesar da importância crescente da classe para a economia europeia no início da era industrial, o Antigo Regime europeu apresentava constantes obstáculos para a expansão da produção. Podemos ver um exemplo elucidativo disso na França pré-Revolução. Ao contrário da Inglaterra, o Estado regido pela dinastia Bourbon cobrava altos impostos e taxas da burguesia, além de submetê-la às restrições ocasionadas devido aos privilégios da nobreza. Um dos motivos da popularidade do Iluminismo entre a burguesia seria exatamente a denúncia por parte dos intelectuais das contradições e injustiças encontradas em um Estado que beneficiava uma pequena elite ociosa e penalizava todo o resto da população, incluindo a burguesia que tanta riqueza trazia ao reino.
Quando o rei Luís XVI (1754 – 93) subiu ao trono na década de 1770, o Estado francês já se deparava com uma crise financeira em grande parte ocasionada pela desigualdade na cobrança de impostos, situação que só se agravou com a participação de França na Guerra de Independência Americana. Após o clero e a nobreza vetarem as primeiras tentativas de reforma tributária, o rei foi obrigado a convocar os Estados Gerais. Nesta ocasião, o terceiro estado viu sua chance de debater problemas políticos e separam-se do resto da reunião, declarando-se em Assembleia Nacional Constituinte. Era o início da série de eventos que levaria ao fim da monarquia em França, à execução do rei Luís XVI e da impopular rainha Maria Antonieta e da subida da classe burguesa ao poder político, de onde nunca mais sairia em caráter definitivo – alterando profundamente, assim, o caráter da política europeia.
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