Chicó: — Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro que está se ultimando para o senhor benzer.
Padre: — Para eu benzer?
Chicó: — Sim.
Padre, com desprezo: — Um cachorro?
Chicó: — Sim.
Padre: — Que maluquice! Que besteira!
[...]
João Grilo: — É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é o motor do major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais.
Padre, mão em concha no ouvido: — Como?
João Grilo: — Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio Morais.
Padre: — E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Morais?
João Grilo: — É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse, mas o major é rico e poderoso e eu trabalho na mina dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a obedecer, mas disse a Chicó: o padre vai se zangar.
Padre, desfazendo-se em sorrisos: — Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para ter direito de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro!
João Grilo, cortante: — Quer dizer que benze, não é?
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Além da marcação das falas dos personagens, outra característica específica de texto teatral, que o difere dos textos narrativos, e está presente no trecho, é a presença de
A
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Resposta:
bem, é a presença dos dois pontos, após o nome do personagem e o hífen
usado para indicar a rubrica
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