Através de muitos espelhos
Três edições comemoram os 150 anos de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll
Por CAROLINA VIGNA
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Assombro
Voltando à morfologia, depois da definição espaço-temporal (“era uma vez um reino” e similares) e da passagem para o mágico, temos então a chegada ou a apresentação do herói. Pode ser um evento, como um baile com uma seção de achados e perdidos cheia de sapatos, ou qualquer outro acontecimento. E, logo em seguida, um ciclo de repetições de função. A motivação dessas ações varia muito e pode ser desde um amor idealizado, ser banido de um reino ou até drogas que nos fazem mudar de tamanho. A função perseguição-salvamento é repetida até que chegue a uma conclusão. A solução do conflito, ou seja, a vitória do herói, ultrapassa diversos obstáculos, é claro, caso contrário seria fácil demais e Hollywood não teria material suficiente para copiar. Muitas vezes estes obstáculos são proibições e a consequente transgressão da proibição. A transgressão resulta em punição ou em tragédia para, lembrando, “educar” as crianças. É comum também a utilização de intrigas compostas de informações erradas, cabendo ao herói discernir entre elas. As intrigas possuem, também, uma função “pedagógica”. E, finalmente, terminamos com uma moral.
Em Alice, o primeiro livro, por exemplo, termina com a irmã mais velha elogiando suas qualidades inocentes e pueris. Ou seja, moralmente o bom mesmo é permanecer assim.
Em tempo: não considero spoiler te contar como termina um livro de 150 anos e popular como este.
Bruno Bettelheim, em A psicanálise dos contos de fada, diz que “a tarefa mais importante e também mais difícil na criação de uma criança é ajudá-la a encontrar significado na vida”. Tenho cá minhas dúvidas se isso é verdade apenas para crianças, mas vamos prosseguir.
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Volto ao Bettelheim:
Quaisquer que sejam os acontecimentos estranhos que o herói do conto de fadas vivencie, eles não o tornam sobre-humano, como ocorre com o herói mítico. Esta humanidade real sugere à criança que, seja qual for o conteúdo do conto de fadas, não são mais que elaborações fantasiosas e exageradas das tarefas com que ele tem que se defrontar, dos seus medos e esperanças.
Perdemos humanidade quando deixamos de entender isso. Perdemos quando não somos mais capazes de diferenciar um mito do humano. Perdemos quando achamos que a magia da literatura é real e nos ameaça.
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Mesmo tendo vontade de citar o Bettelheim inteiro, paro por aqui. Se você se interessa por esse assunto, leia o livro.
Pelo menos até o final da Era Vitoriana, a mulher podia assumir, basicamente, quatro papéis: inocente e/ou infantilizado (Alice), a ausente (como em Robinson Crusoe), a idealizada (princesas) e a poderosa que era, normalmente, a vilã (bruxas e afins). A subversão — e genialidade — de Alice começa aqui. A personagem principal é, ao mesmo tempo, inocente, poderosa e idealizada. E, principalmente, poderosa sem ser má. E isso era uma grande novidade.
As possibilidades de interpretação de Alice são tantas que é impossível cobri-las em um único artigo, então a minha seleção foi por empatia.
[...
1) Em: “As possibilidades de interpretação de Alice são tantas que é impossível cobri-las em um único artigo, então a minha seleção foi por empatia.”, a palavra ALICE refere-se a *
1 ponto
A) uma personagem de obra literária.
B) autora do ensaio literário.
C) a filha de Bettelheim.
D) uma possível leitora.
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Resposta:
A resposta correta é:
1)-a)Uma personagem de obra literária.
2)-b)Em Alice,o primeiro livro por exemplo,terminou com a irmã mais velha elogiando suas qualidades inocentes e pueris.
Eu fiz no classroom e estava correta;
Espero ter ajudado muito você;
Explicação:
Respondido por
0
Resposta:1-a
2-b
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