História, perguntado por Bunnykitty, 9 meses atrás

“Análises históricas do contexto social daquele "Brasil" sequer apontam a participação de populares no processo de emancipação.” Para o autor não existiu uma participação popular durante a independência, você concorda com essa perspectiva? Justifique sua resposta

Soluções para a tarefa

Respondido por psiratsuti
3

Resposta:

“Análises históricas do contexto social daquele "Brasil" sequer apontam a participação de populares no processo de emancipação.” Para o autor não existiu uma participação popular durante a independência, você concorda com essa perspectiva? Justifique sua resposta

Explicaçao

O mito nacionalista da Independência do Brasil

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas; de um povo heroico o brado retumbante, e o sol da liberdade em raios fúlgidos; brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Joaquim Osório Duque Estrada, 1831

Nesse instante, um “povo heroico” viu o céu da pátria, às margens do Rio Ipiranga, brilhar à luz da liberdade. Os raios da “liberdade”. Parece muito poético, não?

Nosso hino nacional hoje costuma estar quase sempre associado a feitos memoráveis no futebol e no esporte em geral. É um novo papel dado a um símbolo que remete a um importantíssimo episódio de nossa história: a Proclamação da Independência.

Sob críticas até mais frequentes que a capacidade seleção brasileira tem tido de nos anestesiar, o hino nacional - e toda a mitologia por trás do Sete de Setembro - é hoje um alvo de permanentes questionamentos. E sobre isso, parece que a comunidade intelectual está de acordo: o hino nacional brasileiro é o exemplo vivo de como não enxergar a emancipação do Brasil.

Aquele dia no começo do mês de setembro estava longe de ser referido como um momento de heroísmo. Análises históricas do contexto social daquele "Brasil" sequer apontam a participação de populares no processo de emancipação. Outros estudiosos ainda insistem em desconstruir até aqueles mínimos detalhes do conhecido cenário de um jovem imperador com uma bela espada, gritando de seu cavalo para declarar a liberdade da nação (não se iluda!).

É o roteiro perfeito de uma cena de teatro. Talvez não por acaso. Essa abordagem nunca saiu das pinturas e relatos nacionalistas. A verdadeira história passa longe de um grito na beira de um rio. E compreender o Brasil sob uma perspectiva mais adequada exige visualizar a história de forma muito mais complexa do que costuma-se pensar.

Podemos começar implodindo qualquer vestígio de sentimento patriota naquele Brasil de 1822. Éramos colônia: um território descentralizado com muito bem definidos compromissos econômicos com Portugal.

Cada fatia daquela colônia se desenvolveu isolada por muito tempo. E como se pode perceber até hoje, costumes distintos se consolidaram em cada região. Ainda é muito mais fácil reivindicar-se pernambucano (ou carioca, ou catarinense, por exemplo...) do que brasileiro. Para Portugal não era interessante conectar seus domínios coloniais, isolá-los era uma forma de enfraquecer qualquer conspiração.

Tiramos daí que a nação brasileira não nasceu com a independência. Por outro lado, talvez essa data seja o marco do início da busca que ainda vivenciamos nos tempos atuais. Afinal: o que é ser brasileiro? Não espere que este texto responda. Com muita pesquisa, e um bom faro, um historiador de sucesso conseguirá dizer justamente o contrário.

Transferência Família Real Portuguesa para o Brasil (Autor Desconhecido).

O processo de independência celebrado no Sete de Setembro não começou naquele Mês, ou mesmo naquele ano. Foi uma sucessão de elementos que tomou força a partir da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil em 1808.

Em razão de desacordos diplomáticos com a temida França Napoleônica. O Reino de Portugal, sob o comando de Dom João IV, se viu obrigado a transferir sua corte para o Brasil, abandonando Lisboa e fixando comando no Rio de Janeiro. Era o começo do fim do Brasil Colônia.

Em pouquíssimo tempo, o imenso Brasil, outrora fragmentado, foi liberado do Pacto Colonial, passando a interagir comercialmente com outras potências europeias. O Brasil passava a ser autônomo, e pela primeira vez começava a usufruir de seus ganhos (antes recolhidos por Lisboa): Dom João IV iniciou modificações estruturais de caráter urbano e social. O que antes era um mero ponto de exploração mercantil, pouco a pouco passou a receber desde obras de transporte e saneamento até edifícios voltados para a arte e à intelectualidade, como bibliotecas e teatros.

Se por um lado a maior parte das mudanças veio a ocorrer nas proximidades do Rio de Janeiro, onde a Família Real se instalou, a cobrança de altos impostos para sustentar a toda a corte vinha de todo o território.

Mapa do Brasil do século XIX

Se você consegue imaginar o descontentamento das outras regiões do Brasil, pense agora no outro lado do Atlântico: Portugal, por séculos o núcleo indiscutível do Império, estava agora literalmente abandonado à própria sorte.

Perguntas interessantes