04 - “Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade
é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o
próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na
falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer
uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas
pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma
condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida”.
(KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985).
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento (Aufklarüng), fundamental para a compreensão do
contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
a) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
e) a reivindicação da autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
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05 - Imagine uma situação onde você é o(a) responsável pela realização de uma tarefa que é só sua, e
de ninguém mais (pode ser uma situação de escola, ou de trabalho, ou na família etc). Para a realização
desta tarefa, ninguém deu nem dará orientação alguma; sendo assim, você decide quando e como fará o
que tem de fazer. Depois de pensar um pouco sobre esta situação, responda: você se sente preparado(a)
para realizar esta tarefa com autonomia? O que falta para que você se sinta preparado(a)?
06 - “Não nascemos morais, mas devemos nos tornar sujeitos morais. A construção de nossa
personalidade moral supõe uma descentração – em que superamos nosso egoísmo, em direção ao
reconhecimento do outro como um outro eu. Por isso, o processo de educação moral não deveria ser
apenas o de inculcação das normas, mas também o de estimulação da passagem da heteronomia para
a autonomia. (...) Também não nascemos cidadãos, mas devemos ser educados para a cidadania ativa,
comportamento fundamental para o exercício da democracia participativa. Não é fácil desenvolver a
política da igualdade, que estimula a solidariedade, o pluralismo e o respeito pelos direitos humanos (...).
Existe um momento que os valores são herdados, ao qual se contrapõe outro, pessoal e intersubjetivo,
de questionamento dos valores, a fim de priorizá-los ou proceder à sua revisão, quando eles deixam de
estar a serviço de nossa humanização.”
(ARANHA, M.L A. e MARTINS, M.H.P.Temas de Filosofia. 3. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005. p. 200).
Com base no fragmento, pode-se inferir corretamente que
a) a natural cidadania do ser humano, que traz a marca da política, da abertura e do desejo à vida social.
b) a progressiva e processual passagem da amoralidade para a moralidade, mediante a educação.
c) o natural egoísmo e individualismo do ser humano, que resiste a qualquer tentativa de socialização.
d) o processo de educação moral visa a heteronomia, a transmissão e a recepção dos valores
culturais.
e) o pluralismo de interesses, vontades e desejos individuais caminha na contramão da humanização da cultura.
Soluções para a tarefa
Resposta: 4) Letra E
Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa a reivindicação da autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. Logo, a alternativa E está correta.
É de Kant lema que funda o Iluminismo:
- Sapere aude (ousa pensar por si mesmo).
Este lema do Iluminismo aparece em uma famosa e pequenina obra de Kant chamada "Que é o esclarecimento?".
Neste texto de 1783, Kant diz que o esclarecimento (Aufklarung) é a passagem do homem de sua menoridade para a sua maioridade. Trata-se de um convite - uma convocação - para o homem usar a razão de forma autônoma, livre, sem depender do outro.
É uma tentativa de saída da inação, da dependência obediente e confortável em relação a um outro que dite as regras de conduta para quem tem preguiça de ser o seu próprio senhor racional.
Kant via sua época apenas como o início deste esclarecimento, que nada mais é do que o Iluminismo que viria a ser tão importante menos de uma década depois na sanguinária Revolução Francesa.
Para saber mais: brainly.com.br/tarefa/39020215